O Teatro e o Cinema em Guarapuava

"Vi cair e desaparecer o pequeno e elegante Teatro Santo Antônio, construído em 1888, quando os guarapuavanos contavam com a presença e a nobreza do inolvidável Visconde Sá Camargo, assistindo verdadeiras noitadas de gala, com a encenação de excelentes espetáculos"

         


 "Do Meu Canto" - 1981 - pág.204 de Antônio Lustosa de Oliveira. 

A casa Benjamin C. Teixeira edita regularmente este Boletim com o intuito de divulgar fatos históricos da região. Nesta edição, apresento a tema artes cênicas, principiando com a origem do Teatro Santo Antônio, um ícone dos mais expressivos e curiosos do final do século XIX, que deve ter fomentado uma revolução cultural na região. Lembro ao leitor que, Guarapuava estava embrenhada no sertão paranaense, desde a chegada de seus colonizadores em 1810. A maior parte de sua população residia em fazendas espalhadas pelo imenso território guarapuavano. O aglomerado urbano chegava próximo a duas mil pessoas no final do século XIX.

O número de alfabetização era bastante restrito. Haviam algumas pessoas de origem francesa oriunda da Colônia Tereza Cristina fundada pelo Dr. Faivre nas barrancas do rio Ivaí, que segundo se propala eram do bom nível cultural. Poucos alemães, com destaque para os irmãos Pletz que participaram no conflito com o Paraguai em 1865, Alguns austríacos, um dinamarquês famoso e outros esporádicos.

Não se esquecer dos italianos, prósperos empreendedores e do grande maestro Rispoli, impulsionador da música erudita em nossa cidade. Existiam duas imponentes bandas musicais que se revezam nas solenidades da cidade. Uma vez construído o teatro, este, serviu não só para apresentações cênicas, mas também, para interpretações de filmes e comemorações importantes.

Talvez a mais expressiva foi a solenidade dedicada a grande personalidade brasileira, Santos Dumont, quando por aqui transitou. Diversos grupos teatrais foram criados na cidade e se apresentaram no Teatro Santo Antônio. Inteligentes autores formataram brilhantes peças teatrais. Nesse período, Guarapuava presenciou a evolução cinematográfica mundial. O teatro foi transformado para exibição de filmes e novos edifícios surgiram para essa finalidade. Aproveito para inserir as biografias de duas personagens importantes nesse processo. Menciono, também, o FETECO, essencial veículo propulsor das artes cênicas em Guarapuava. Destaco o Grupo Arte & Manha, enaltecido pela atriz Rita Felchak. Utilizei para redigir este trabalho as informações contidas em jornais da época que fazem parte do acervo da Casa Benjamin C. Teixeira. Também, as crônicas de Antônio Lustosa de Oliveira, um partícipe desses momentos e de Benjamin C. Teixeira que as lado de jovens de sua idade, foi envolvido pelo movimento cultural que se processava na ocasião. Agradeço a colaboração de Áurea Domingues da Luz, fiquei deslumbrado com o dinamismo dos grupos teatrais e a participação dos jovens da época.